IBS e CBS: Como a Reforma Tributária muda a Gestão de Compras no Varejo

IBS e CBS nas compras

Introdução

IBS e CBS têm sido termos muito pesquisados nos mecanismos de busca atualmente.

A Reforma Tributária aprovada pela Emenda Constitucional nº 132/2023 está redesenhando a forma como o Brasil cobra impostos sobre bens e serviços.
Mas, para quem vive o dia a dia do varejo, a grande mudança não está apenas no nome dos tributos, mas sim no jeito de comprar, negociar e escolher fornecedores.

Com a criação do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e da CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), o comerciante vai precisar repensar sua rotina de compras, porque os créditos tributários passam a depender da regularidade fiscal do fornecedor e da qualidade da nota emitida.

Em outras palavras: a forma de comprar vai impactar diretamente a saúde financeira e o caixa da loja.

O que muda com o IBS e a CBS nas compras do varejo

A principal mudança é que o Brasil passa a adotar um sistema de tributação não cumulativa mais moderno, parecido com o IVA usado em outros países.
Isso significa que a cada compra feita pela loja, será gerado um crédito tributário e esse crédito pode ser abatido dos tributos devidos na venda.

Antes, muitos lojistas não percebiam o peso disso, porque o sistema antigo (com ICMS, PIS e COFINS) era cheio de exceções e regras estaduais. Agora, o modelo será nacional, mais uniforme, e a gestão dos créditos passa a ser essencial.

O crédito tributário como ferramenta de gestão

Na prática, o comerciante vai poder recuperar parte do tributo pago nas compras, desde que a nota fiscal esteja correta e o fornecedor cumpra suas obrigações fiscais.

Isto muda totalmente a lógica da compra.

Não basta mais buscar o menor preço. É preciso buscar o fornecedor mais confiável.

O novo papel do comprador no varejo

O comprador, que antes tinha como foco negociar preço, prazo e condições comerciais, agora passa a ser uma figura estratégica dentro da gestão do negócio.

Com a Reforma Tributária, ele vai lidar com informações que afetam diretamente o caixa e o planejamento financeiro.

Veja como o papel do comprador muda na prática:

1. Escolhe fornecedores fiscalmente regulares

A geração do crédito tributário vai depender da situação fiscal do fornecedor.

Se a empresa fornecedora não estiver regular ou emitir notas com erros, o comprador pode perder o direito ao crédito e pagar mais imposto do que deveria.

O novo comprador precisa, portanto, verificar a regularidade dos fornecedores antes de fechar negócio. Isto inclui consultar CNPJ, verificar pendências fiscais e acompanhar se a empresa emite notas dentro das normas.

2. Entender o impacto financeiro das compras

Cada compra passa a influenciar o fluxo de caixa da empresa de forma mais visível.

Os créditos de IBS e CBS podem reduzir o valor do imposto a pagar nas vendas futuras, gerando um efeito positivo nas finanças.

O comprador precisa, então, atuar em conjunto com o setor financeiro para planejar o calendário de compras, prever entradas e saídas de caixa e entender o melhor momento para adquirir mercadorias.

3. Garantir o cadastro correto dos produtos

O crédito tributário também depende da classificação correta do produto na nota fiscal.

Um erro na descrição, no código NCM ou na categoria de tributação pode causar perda de crédito e isso pode representar prejuízo direto.

Por isso, o novo comprador precisa ter um olhar atento ao cadastro de produtos, garantindo que as informações estejam atualizadas e padronizadas com o sistema de gestão da loja.

4. Integrar compras, estoque e contabilidade

O IBS e a CBS exigem integração entre setores.
O comprador não pode mais trabalhar isoladamente. Cada decisão de compra impacta o fiscal, o financeiro e o estoque.

As empresas que conseguirem integrar esses dados, com sistemas automatizados e comunicação entre as áreas, vão ter vantagem competitiva, porque conseguirão planejar melhor e evitar inconsistências.

O que muda na relação com fornecedores

A Reforma Tributária traz uma nova dinâmica nas relações comerciais.
Antes, o comerciante podia escolher o fornecedor apenas pelo preço. Agora, será preciso avaliar também a confiabilidade fiscal.

Isto muda completamente o comportamento de compra:

efeitos da reforma tributaria de 2026

Esta nova lógica incentiva a formalização e profissionalização do mercado.
Empresas que trabalham corretamente vão se destacar e fornecedores informais ou desorganizados tendem a perder espaço.

O comprador como guardião dos créditos tributários

O crédito gerado em cada compra passa a ser um ativo financeiro da empresa.
Quando o comprador garante que as notas estão corretas e os fornecedores são regulares, ele protege o caixa e a margem de lucro da loja.

Em contrapartida, se as compras forem feitas sem esse cuidado, a empresa corre risco de:

  • Perder créditos tributários;
  • Pagar mais imposto do que o necessário e
  • Enfrentar inconsistências fiscais que podem gerar autuações.

Por isso, o comprador deixa de ser apenas “quem compra” e se torna o guardião dos créditos e um elo fundamental entre estoque, financeiro e fiscal.

Como o estoque entra nessa nova lógica

O estoque passa a ser o reflexo direto das decisões fiscais.
Cada produto que entra na loja representa um crédito potencial, mas somente se todas as etapas da compra estiverem corretas.

O comerciante deve investir em sistemas de gestão integrados que conectem compras, estoque e faturamento.

Com isso, cada nota recebida gera automaticamente o registro do crédito, evitando erros manuais e garantindo controle sobre o retorno tributário.

Prazos, notas fiscais e rotina prática

A escrituração do IBS e da CBS será feita de forma digital e unificada, dentro de um sistema nacional. Os prazos para envio das informações fiscais ainda serão definidos em lei complementar, mas a tendência é que o controle seja em tempo real, com cruzamento automático de dados.

Isto exige:

  • Emissão de notas fiscais sem erros;
  • Atualização constante dos sistemas de gestão e
  • Monitoramento dos créditos para não deixar dinheiro parado.

Empresas desorganizadas vão sentir o impacto rapidamente, especialmente aquelas que ainda fazem controles manuais ou têm cadastros inconsistentes.

Como o comerciante pode se preparar

A transição para o novo modelo não será feita de um dia para o outro. O governo prevê um período de convivência entre o sistema antigo e o novo, permitindo adaptação gradual.

Mas o comerciante que começar desde já a se preparar vai sair na frente.

Aqui estão cinco passos práticos para isso:

1. Revise o cadastro de produtos e fornecedores

Corrija descrições, códigos e categorias tributárias. Elimine duplicidades e cadastros desatualizados.

2. Adote um sistema de gestão integrado (ERP)

É essencial para conectar compras, estoque e financeiro. Sem automação, o risco de erro será alto.

3. Treine o comprador e a equipe de compras

Eles precisam entender a nova lógica fiscal e os impactos das notas fiscais incorretas.

4. Monitore o comportamento fiscal dos fornecedores

Ferramentas de verificação automática de CNPJ podem ajudar a evitar riscos.

5. Converse com o contador sobre o impacto financeiro

O contador passa a ser parceiro estratégico do lojista, orientando sobre a melhor forma de aproveitar créditos e evitar inconsistências.

O que esperar do futuro: integração e transparência

O grande objetivo da Reforma Tributária é simplificar o sistema e aumentar a transparência.
Para o varejo, isso significa um cenário onde comprar bem é também comprar de forma fiscalmente segura.

O novo comprador será cada vez mais analítico e estratégico, alguém que entende de negociação, mas também de impacto tributário e fluxo de caixa.

Os comerciantes que enxergarem isso como uma oportunidade e não apenas como uma obrigação vão ganhar vantagem competitiva.

Resumo prático

  • O crédito tributário passa a ser parte do lucro do negócio;
  • O comprador precisa avaliar fornecedores com base em regularidade fiscal;
  • A integração entre compras, estoque e finanças será essencial e
  • Quem investir em organização e tecnologia vai colher os melhores resultados.

Conclusão

A Reforma Tributária marca uma nova era para o varejo brasileiro.
Ela não muda apenas o nome dos tributos, muda a mentalidade de gestão.

As compras deixam de ser um ato operacional e passam a ser uma decisão estratégica com impacto direto no caixa e na competitividade da loja.

O comerciante que entender como a Reforma Tributária muda as compras no varejo vai estar mais preparado para crescer com segurança, reduzir riscos e aproveitar os benefícios do novo modelo.

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Sueli Angarita

Gestão de estoque que dá resultado começa com uma pergunta: você realmente entende o seu cliente?"

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